quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

A neura, a insônia e o comichão

Como diria Nathalia Klein, talvez um blog seja mesmo uma espécie de divã. Talvez escrever seja um tipo de terapia, uma prática em que as pessoas refletem a partir de monólogos, discussões internas com problemáticas e soluções plausíveis. Talvez. Fato é que a insônia pra mim é a grande propulsora desta sessão. É, comigo rola muito isso... Existe sempre este conflito neurótico que tem o poder de me envolver nas madrugadas. Às vezes eu tenho a impressão de que eu passo o dia todo como um enorme vegetal e finalmente quando o sol se põe, não sei de onde, começa a fluir uma energia que libera notas criativas. Seria eu um ser noturno de vida boêmia? Prefiro não entrar (por enquanto) nessa parte da história.
Mas então, tinha esse blog, mas eu fiquei pensando em mudar tudo por aqui. Porque na verdade, quando esse blog surgiu, eu ainda vivia o cárcere do curso de artes plásticas que tomou longos sete anos da minha vida. Tá, fazer artes foi uma escolha pessoal, baseada nas vontades de uma adolescente no auge da rebeldia que se fechou para outras perspectivas. É claro que a faculdade me acrescentou muito e também minou gradativamente as minhas possibilidades criativas durante um bom tempo. Criativa... Já fui. Agora, sem mais nem menos, essa característica (qualidade?) que há muito se escondia bem no fundo de algum lugar cavernoso, resolve sair na noite pra dançar?
Minha criatividade dançando comigo às três da manhã e eu querendo dormir. Aí fatalmente rola um Chico, vão-se horas de improdutividade na internet, jogatina (que faz parte da minha alma idosa, mas esta também é outra história), vem a comilança e com ela aqueles quilinhos que eu tinha planejado perder no projeto verão 2012, enfim, quando rola uma escassez de atividades zumbis eu me deito no escuro e penso “agora eu consigo dormir”. Aí vem aquela ansiedadezinha que começa a trazer um montão de idéias daquelas que um artista jamais deixaria pra amanhã. Talvez você não conheça as angústias de um artista, melhor pra você. Acredite, idéias coçam como picadas de borrachudo.
Na tentativa frustrada de ignorá-las percebo que aquele escuro durou aproximadamente quarenta minutos e o dia está nascendo e os pássaros fazendo todos os tipos de barulhinhos “lyndos” que caracterizam TUDO o que você não queria ouvir agora.
É nessa hora que eu penso “vou virar”, virar do verbo futuro, da noite que já ficou no passado. Complexo. Mas aí quem vem? O SONO. Parece que é mesmo só pra me sacanear. E aí eu também resolvi sacanear ele, por que ele não pode chegar assim, agora, achando que vai dominar a situação. De acordo com o protocolo do orgulho feminino, há que se resistir pelo menos um pouco a qualquer tipo de comportamento impositivo como este, afinal, as mulheres (há exceções) deixaram a algum tempo de ser submissas. E este também, nem de longe é um assunto que pretendo abordar aqui.
Isso tudo foi pra dizer que a partir de agora vou voltar a escrever aqui como tratamento de uma pessoa, digamos, ansiosa. Eu também fiquei pensando que talvez eu abandone o tratamento daqui uns dias... Mas aí pode ser um blog por temporadas né? Talvez também ninguém tenha interesse de ler e talvez eu me cure milagrosamente, então, não vamos lidar com expectativas, não espere nada além dessas sandices. Enfim, agora já posso dormir.